Cancelada! UPF confirmou ontem à tarde o cancelamento da 16ª edição da Jornada Nacional de Literatura

 
No mesmo dia em que prefeitura e reitoria da Universidade de Passo Fundo se reuniam em busca de alternativas para viabilizar financeiramente a 16ª Jornada Nacional de Literatura, prevista para ocorrer entre 28 de setembro a 2 de outubro, a professora Tânia Rösing, coordenadora da movimentação literária, anunciou, através de entrevista ao jornal Estadão, de São Paulo, o cancelamento da edição deste ano. A informação repercutiu em todo o país e praticamente sepultou as possibilidades de reverter a situação.
Em entrevista coletiva ontem à tarde, o reitor da UPF, José Carlos Carles de Souza, visivelmente abatido, confirmou oficialmente o cancelamento do evento, interrompendo um ciclo de 31 anos, que rendeu a Passo Fundo os títulos de Capital Estadual e Nacional de Literatura.
Desde o início dos trabalhos, a comissão organizadora havia captado até o momento apenas 50% dos recursos previstos. O projeto inicial foi orçado em R$ 3,5 milhões, e, diante das dificuldades, reduzido para R$ 2 milhões. Dos R$ 3,4 milhões aprovados pela Lei Rouanet, do governo federal, foram captados apenas R$ 173 mil. Pela Lei de Incentivo à Cultura (Lic) do governo estadual, a comissão obteve R$ 570 mil, de R$ 1,017 milhão aprovados. Estes recursos de patrocínio, já prometidos, ainda não haviam sido repassados para a Universidade. A comissão organizadora contaria ainda com mais R$ 750 mil disponibilizados pela Prefeitura Municipal, co-produtora do evento.
Com o tema Leituras e leitores em liberdade, a programação do evento já estava ‘fechado’, inclusive, com os 106 autores nacionais e estrangeiros e artistas contatados.
Em relação à reunião realizada terça-feira, com o prefeito Luciano Azevedo, o reitor confirmou que ambos iriam iniciar uma movimentação em Brasília na tentativa de complementar o restante do orçamento.
“A decisão era aguardar até o início de junho para decidir sobre a realização ou não da Jornada, na esperança de conseguirmos mais patrocínios. No entanto, a professora Tânia antecipou para um órgão de imprensa de São Paulo, por conta e risco dela, o cancelamento. Pegou a todos de surpresa. Diante das dificuldades financeiras e deste anúncio, só nos restou cancelarmos o evento deste ano” declarou o reitor.
Segundo ele, o cenário da conjuntura econômica atual do país foi o argumento dos órgãos públicos e das empresas privadas para a negativa dos investimentos. Na visita feita ao governador do estado, José Ivo Sartori, ele alegou falta de recursos e cogitou sobre a possibilidade de ajuda através do Banrisul, tradicional apoiador da movimentação literária. “Fizemos contato, mas o Banrisul não nos deu nenhuma resposta sobre nosso pedido” disse Souza.

Vice-reitoria de extensão de assuntos comunitários, Bernardete Dalmolin declarou que as primeiras visitas de captação no início do ano aos órgãos públicos e empresas privadas já sinalizavam para um cenário nebuloso quanto ao futuro da Jornada. Tanto que o tradicional evento de lançamento realizado em Porto Alegre, marcado para março, foi transferido para abril, depois maio, e acabou não acontecendo.
“No ano passado fizemos alguns contatos, mas o cenário não parecia tão negativo como se confirmou em 2015” disse Bernardete. Sobre a possibilidade de alterar o formato da jornada para enxugar o orçamento, a vice-reitora explicou que a medida implicaria na alteração dos projetos encaminhados às leis de incentivo e aos patrocinadores. “ Teríamos de mudar tudo, não temos tempo para isto. O recurso é destinado para um determinado modelo e tamanho de evento. Mudar isto significa alterar valores” explicou.
Futuro das jornadas
Durante a coletiva, o reitor não deu certezas sobre a realização da 16ª edição em 2017, no entanto, foi categórico ao afirmar sobre mudanças de formato e de pessoas que estão à frente da organização. No ano passado, afirmou, a UPF já havia contratado uma empresa de consultoria para revisar o modelo responsável pela condução do evento. “O formato das jornadas vai sofrer alterações tanto no aspecto formal e de pessoas para conseguirmos uma nova proposta e continuarmos alcançando os mesmos resultados até então, que é a formação de leitores” definiu.
FONTE: O NACIONAL

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