Alto Uruguai é o maior produtor de laranja do RS

Na terça-feira (25) no auditório da UFFS estiveram reunidos sindicatos, secretários de agricultura, Emater, cooperativas, ongs e produtores que integram o Colegiado do Território do Alto Uruguai para conhecer o estudo e levantamento da cadeia da citricultura da região. O estudo tem como responsável técnico o engenheiro agrônomo, Júlio Cesar Brancher, que desenvolveu seu trabalho através da Cooperfamília, em convênio com o Ministério do Desenvolvimento Agrário. De acordo com ele, este estudo é importante para possibilitar às instituições ligadas a agricultura a criação de um programa e projetos que realmente apresentem resultados com relação ao desenvolvimento da cadeia da citricultura de forma a beneficiar o agricultor familiar da região. O Colegiado é uma instância de discussão regional das políticas do MDA, propondo debates com os envolvidos e soluções para os temas. Através do Território que tem fomento do MDA, já foi possível viabilizar a Central de Comercialização que está sendo construída. E com aporte de recursos do BNDS neste ano a prioridade dos debates é a cadeia do leite, e para 2012, o tema principal será a cadeia da citricultura. AU produz 18 mil quilos por hectare O Brasil é o maior exportador de suco de laranja concentrado do mundo e o segundo maior produtor. O RS aparece neste cenário como um dos cinco maiores produtores do Brasil. Mesmo assim, a produção no Estado por hectare é baixa, chega a 12 mil quilos. No entanto, a região do Alto Uruguai tem uma produção que chega a 18 mil quilos por hectare, é maior, mas segundo Brancher, ainda é pequena se for levado em consideração que a produção por hectare pode chegar a 40 toneladas. Conforme o levantamento, a região do AU é a maior produtora de laranja do RS e a segunda maior de bergamota. Aqui, a produção está concentrada nos municípios que fazem divisa com SC, localizados na beira do Rio Uruguai. Mas, o estudo alerta que no momento da comercialização, o agricultor fica em desvantagem. “Temos uma grande potencialidade na produção, ainda mais que neste ano a Embrapa enquadrou os municípios da nossa região dentro do zoneamento agroclimático para produção de citros. Isso possibilita aos agricultores acessarem financiamentos e programas de governo, mas não temos indústria na região e o produto acaba sendo processado em SC, na Serra Gaúcha, em SP e no Paraná.” explicou. Laranja é fator secundário nas propriedades Dento deste sistema de produção a pesquisa levantou que na maioria das propriedades da região, os citros são uma cultura secundária em relação às carnes, grãos ou leite. Muitos pomares do AU estão abandonados, com doenças e sem tratos culturais. A falta de mão de obra e os baixos preços pagos pelo mercado estão entre os fatores que levam a esta realidade. Outro grande problema é a comercialização da produção que é feita através de comerciantes atravessadores que acabam ficando com o maior lucro pelo produto. Além disso, cerca de 80% das laranjas e bergamotas produzidas na região são concentradas na mesma época de maturação, consideradas tardias e com ciclo longo. “Isso faz com que a safra seja muito intensa num só período, dificultando a possibilidade de construir uma indústria aqui na região para atender os produtores. Esse processo prejudica o avanço da cadeia do citrus,” avaliou o agrônomo. O que fazer? O estudo mostrou que a saída é investir na organização dos produtores de maneira que eles consigam estabelecer um maior domínio da comercialização do seu produto. De acordo com Brancher, ainda há que se pensar em não competir com as grandes indústrias, por isso é necessário pensar em outro nicho. Ele sugeriu uma uma parceria com a Ecocitrus de Montenegro/RS, que produz de forma orgânica e para mercado justo. “Isso para nós seria o ideal porque é um nicho que a grande indústria tem dificuldade de entrar. Além disso, o custo de produção da laranja orgânica é menor com um mercado que remunera mais.” Qualidade da fruta A região tem a possibilidade de produzir a melhor fruta do Brasil, tanto pelo ponto de vista da coloração que é mais viva e chama mais a atenção do consumidor, quanto pela acidez. No processo de industrialização da fruta, a acidez é importante, pois atua num processo natural de durabilidade do produto. Por outro lado, como a produção no AU é secundarizada o produtor não investe na fruta, no controle de doenças e pragas, na limpeza do produto e no polimento. O agricultor vende de qualquer forma para o atravessador, e quando tem possibilidade de polir o produto tem uma fruta com bastante cancro que é uma doença comum daqui. Pela grande possibilidade de produzir bons frutos, Brancher ressalta que é importante melhorar os tratos culturais.

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