Expoagas: Arnaldo Jabor afirma que Brasil precisa de modernização e maior participação da sociedade

No primeiro dia da 31ª Convenção Gaúcha de Supermercados – Expoagas 2012, o cineasta, escritor e jornalista Arnaldo Jabor abriu a programação de palestras do evento falando sobre política, economia e história. Segundo Jabor, o Brasil é um país sem senso de coletividade, em que não há consciência de que somos uma sociedade com interesses comuns. Porém, segundo o jornalista, o mundo vive um período importante de mutação. “Modernizar é estar a par dos avanços da sociedade e fazer com que ela tenha maior participação nas transformações do que os governos”, afirma. “Isso está chegando ao Brasil, mas os canalhas preferem o atraso, pois ele dá grana. Desde o descobrimento fomos estimulados a não saber, a sermos burros!”, provoca. Porém, Jabor acredita que os grupos que sempre contiveram a modernização real do país não continuarão tendo o mesmo êxito daqui para frente. “Pela primeira vez sinto que é difícil segurar”, diz. E a comunicação tem papel fundamental nesse cenário. “Hoje todos temos celular, estamos muito mais informados do que há 30 anos. É muito mais difícil barrar a informação e o progresso”, afirma.

Jabor lembra que o Brasil enfrentou muitas crises e períodos que serviram para mostrar questões importantes ao país. Segundo ele, democracia apenas não basta já que os problemas brasileiros vão além da liberdade. “Com o fim da ditadura, percebemos que o problema estava também no sistema, na má administração”, completa. E essa situação persiste. “Ainda hoje o Estado vive através do povo, quando o correto seria acontecer o contrário”. Para Jabor, isso é um resquício da colonização, em que o Estado era propriedade de alguns grupos. “Se o Estado manda em tudo, você se sente inferior. E isso incentiva a corrupção, pois ela acontece porque as pessoas não se sentem parte do Estado, então o dinheiro não é de ninguém”, diz o jornalista. “Político tem que trabalhar pra nós. Eles se acham superiores e não deve ser assim!”, complementa.

Quando fala na história política do país, Jabor traça um panorama rápido da evolução da consciência da população que, embora lenta, aconteceu. “Collor foi eleito para nos salvar. Tínhamos a necessidade de salvadores. Mas, o que vimos acontecer pouco tempo depois foi uma síntese de todos os problemas do país. Era a corrupção óbvia”, diz, deixando claro que na ocasião votou em Lula. “Não tenho nada contra partidos políticos. Sou a favor da evolução do Brasil, de gente que queira fazer o bem pelo país”, completa. Ainda sobre ex-presidentes, Jabor citou Fernando Henrique Cardoso como o homem que deu as condições iniciais para o país se renovar. “Ele foi muito criticado, mas eu acho que tem uma porção de empresas públicas que deveria ser privatizada, como os Correios”, afirma. Ainda sobre FHC, Jabor lamenta que o governo de Lula não tenha dado continuidade a algumas iniciativas da administração anterior. “O que mais doeu em mim foi que esse processo iniciado por FHC se paralisou. Lula atrasou o processo de modernização do Brasil, pois estava mais preocupado com a imagem do governo e sua própria imagem”, afirma. A era pós-Lula, para ele, é uma fase de suspense. “Estamos esperando para ver o que acontece”.

O que Jabor demonstrou em sua palestra é um otimismo em relação ao governo atual e também ao papel da população nas transformações do país. “Dilma é muito interessante. Ela quer, de alguma forma, modernizar o país. Achei que ela seria uma catástrofe, por ser uma imposição do Lula, mas está se mostrando uma pessoa livre e com ideais”, diz Jabor. O Brasil, segundo o jornalista, poderia estar em melhor situação não fossem os altos gastos públicos, a burocracia, a centralização e a corrupção. “É preciso estar aberto ao mistério da sociedade. O país não evoluirá enquanto o poder estiver nas mãos de alguns grupos. Ainda vivemos uma espécie de feudalismo e isso é um entrave para o crescimento”, finaliza.

Sobre a Expoagas - A Expoagas é o principal encontro de negócios, qualificação e lançamento de produtos, equipamentos e serviços para o setor supermercadista do Cone Sul. O evento deverá congregar aproximadamente 38 mil empresários, colaboradores, compradores, profissionais de vendas e distribuidores dos 27 estados brasileiros e de oito países, em uma programação que incluirá palestras, seminários, debates e, sobretudo, a Feira de negócios. As projeções da Agas apontam para um total de pelo menos R$ 280 milhões em negócios concretizados junto aos expositores durante os três dias.


Imprensa Agas
Francisco Brust
Foto: Neivo/A Folha Regional

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