Um anjo na vida dos passo-fundenses
Arcanjo São Miguel é homenageado no município há 141 anos através de uma
grandiosa festa religiosa realizada sempre no último final de semana de
setembro. Em Passo Fundo, a imagem de São Miguel chegou a cidade pelas mãos dos
negros que voltavam da Guerra do Paraguai, maior conflito armado internacional
ocorrido na América do Sul no século 19.
Natália Fávero/O Nacional
Arcanjo São Miguel é homenageado no município há 141 anos através de uma
grandiosa festa religiosa realizada sempre no último final de semana de
setembro. Em Passo Fundo, a imagem de São Miguel chegou a cidade pelas mãos dos
negros que voltavam da Guerra do Paraguai, maior conflito armado internacional
ocorrido na América do Sul no século 19.
A segunda Festa Religiosa mais antiga do Rio Grande do Sul homenageia o
anjo da guarda defensor da paz e dos oprimidos: São Miguel. Um anjo que poderia
ser chamado “anjo de Passo Fundo” pela sua história com o município. Os negros
que regressavam da guerra do Paraguai acharam a imagem e trouxeram para o
município. Os escravos construíram uma capela no Pinheiro Torto, atual distrito
de Pulador. Por isso todos os anos, uma festa reúne negros e brancos, ricos e
pobres, jovens, adultos e idosos com um único objetivo: a fé. Neste ano, a
Romaria de São Miguel será realizada no dia 30 de setembro e a capela ganhou
até pintura nova para receber os fiéis.
Uma das primeiras orações que as crianças aprendem é a do anjo da guarda.
São Miguel é um dos anjos, juntamente com Rafael e Gabriel. São Miguel Arcanjo
é protetor da paz e foi enviado para defender os filhos de Deus. Em Passo
Fundo, a imagem de São Miguel chegou a cidade pelas mãos dos negros que
voltavam da Guerra do Paraguai que foi o maior conflito armado internacional
ocorrido na América do Sul no século 19.
A história
A professora e coordenadora da Coordenadoria de Promoção da Igualdade
Racial, Maria de Lourdes Isaias reconta a história. Esposa do professor Edi
Isaias (in memoriam), descendente dos negros que trouxeram a imagem. Generoso,
Isaias e seu filho, conhecido como Negro Isaias, regressavam da guerra feridos
quando encontraram a imagem na região das Missões, em um alagado. “Eles pegaram
a imagem e trouxeram até Passo Fundo. Aqui chegando, com licença do seu patrão
senhor Castanho da Rocha, construíram a primeira capelinha, de pau-a-pique,
coberta de capim Santa Fé, no Pinheiro Torto”, contou Maria de Lourdes. As
festas foram uma maneira de cultivar a devoção pelo Arcanjo e a primeira foi
realizada com auxílio de doações de vizinhos e de devotos.
Todos os anos os fiéis agradecem pelas graças alcançadas. O trajeto da
romaria entre a Paróquia São Vicente de Paulo, no Boqueirão, e a Capela de São
Miguel, no distrito de Pulador, é feito com reza, cânticos e saudações de agradecimentos
à proteção que recebem. “Antes da procissão há toda uma preparação espiritual e
material, como o tríduo, três dias de oração, realizadas na sede da paróquia. E
a preparação material é feita com a visitação das bandeiras (São Miguel, Divino
Espírito Santo e Nossa Senhora da Conceição), nas casas dos devotos”, explicou
Maria de Lourdes. Após a procissão é realizada uma missa campal e no mesmo
domingo acontece a celebração eucarística e a bênção da saúde.
Nos últimos quatro anos, a capela de São Miguel possui uma diretoria
constituída, que está trabalhando para transformar em paróquia de São Miguel,
com a construção de uma Basílica para homenagear e demonstrar a grande fé pelo
poderoso Arcanjo São Miguel.
Capela recebe melhorias
Para receber os romeiros, a grama ao redor da capela foi aparada, a
capela recebeu pintura externa e a copa está com piso novo. Serão 1,3 mil Kg de
carne para o tradicional churrasco no domingo, cerca de 50 tortas e mais de 400
cucas. Estarão disponíveis 10 banheiros
químicos, além dos 15 fixos. Foi solicitado apoio da Brigada Militar, Guarda
Municipal de Trânsito e Polícia Rodoviária Estadual. Além das doações, a festa
também conta com apoio do poder público municipal.
Ajudantes de São Miguel
Luiz Martins da Silva é coordenador geral da Festa de São Miguel. Mais
que ajudar na organização dos preparativos ele é um devoto fiel. Compôs até uma
canção para o Arcanjo. “Trabalho há oito anos na festa. São Miguel representa
muito. Ele é tão importante que a primeira oração que aprendemos é a do anjo da
guarda”, declarou Silva.
Outro ajudante fiel é o carpinteiro, Orivaldo da Silva Cardoso. Há quatro
anos ajuda nos preparativos da festa e ainda é o gaiteiro da Igreja. “A festa
também é para nós e depende de nós. Mais agradeço do que peço. Agradeço
principalmente pela saúde”, enfatizou o carpinteiro.
A imagem
A imagem de São Miguel foi esculpida em madeira, pelos jesuítas, é uma
peça só. Ela foi restaurada várias vezes. Alunas do Instituto de Artes da UPF
fizeram à última restauração. Esta imagem dentro das escolas artísticas segue o
estilo barroco português.
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