Assembleia ratifica criação do Sindicato dos Comerciários de Erechim e reúne, 50 anos depois, alguns dos fundadores da entidade

Jones Pedro Gomes, primeiro presidente do Sindicomerciários e Wilmar Wilson Kwoll, presidente atual (Foto: Ass. Sindicomerciários 041)

A assembleia geral extraordinária foi realizada nesta quinta, 29, na sede do Sindicomerciários Erechim e contou com a presença de alguns dos fundadores do Sindicato, integrantes da Associação dos Empregados no Comércio e das primeiras diretorias da entidade. Presidida pelo presidente do Sindicato, Wilmar Wilson Kwoll, foi acompanhada pelo primeiro presidente, Jones Pedro Gomes, os advogados Juliano Tacca e Erico Alves Neto e o secretário do Sindicato, Amarildo Dell Vechia. A tabeliã do Primeiro Tabelionato de Erechim, Daniela Poncio realizou a Ata Notarial.
A assembleia serviu para ratificar a criação da Associação Profissional dos Empegados no Comércio de Erechim, em 20 de dezembro de 1959, o estatuto, os nomes dos 21 fundadores da associação e a primeira diretoria. Os presentes também ratificaram a transformação da entidade em Sindicato, ocorrida em 17 de outubro de 1962, a lista de presentes na assembleia de criação da entidade sindical, o estatuto legal, a data de criação, a expedição da Carta Sindical pelo Ministério do Trabalho, em 18 de janeiro de 1963 e a eleição da primeira diretoria, em 22 de abril do mesmo ano. A ratificação dos fatos em assembleia foi feita diante da necessidade de registro do Sindicato como pessoa jurídica, conforme prevê a Lei. O presidente do Sindicato, Wilmar Wilson Kwoll, explicou que a entidade tem registro no Ministério do Trabalho, porém, carecia da oficialização também em cartório. Os atos foram ratificados depois da leitura dos documentos da época que foram localizados. Para chegar à assembleia, a direção do Sindicato realizou um trabalho de pesquisa de dados, conferência e catalogação de documentos. “Muitos documentos não foram localizados, vários integrantes das primeiras diretorias já faleceram ou moram fora do estado, então o nosso trabalho foi como montar um quebra-cabeça”, disse Kwoll.
Com a ratificação, a história da criação do Sindicato oficialmente passa a ser composta pelos seguintes fatos:
· Assembleia de Fundação da Associação Profissional: em 20 de dezembro de 1959, realizada com a presença de Ernesto Luiz Dalla Costa, Jones Pedro Gomes, Arsênio Wenclevski, Ernesto Francisco Maroso, Gratulino França, João Lourenço Dalla Costa, Jovino Alves Martins, Eufrázia Trentin Fachini, Odalina Carmelita Rigoni e Rosa Rigoni, Amelina Maria Gollo, Irma Ana Donadussi, Claudino Centenaro, José Girolamo Rigoni, Reynaldo Belekevice, Enidio Roesler, João Batista Ramos, Laides Copetti, Norma Dartora, João Arnoldo Schossler e Pedro Constante de Araújo.
· Primeira diretoria da associação: eleita em 20 de dezembro de 1959, teve seguinte composição: Presidente: Jones Pedro Gomes, primeiro secretário: Jovino Alves Martins, segundo secretário: Arcênio Wenclevski, primeiro tesoureiro: João Arnoldo Schosler e segunda tesoureira: Amelina Maria Gollo. Conselho Fiscal Efetivo: Ernesto Francisco Maroso, Claudino Centenaro e Ernesto Luiz Dalla Costa. Suplentes do Conselho Fiscal: Laides Copetti, Enidio Rosler E João Batista Ramos.
· 17 de outubro de 1962,transformação da Associação em Sindicato: tendo como sócios fundadores: Adiles Maria Zanardo; Angelo Bigolin; Arsenio Nicolau Wencesleski; Bolivar Felix Nóra; Cecília Irene De Marchi; Celso Rodrigues Leite; Cyra Giacomoni Martins; Dalgino Trindade; Dileta Petrich; Edith Maria Eckert; Edivin Vitório Grutka; Geraldo Wozcniacki; Osmar Roll; Gervásio Pichinin; Ellengard Esther Albrecht; Ilda Boff; Ilse Idi Klein; Irene Rizak; Irde Maria Fossati; Irma Bender; Irma Ana Donadussi; Irma Zelinda Salami; João Arnaldo Schossler; João Batista Zancanaro; João Dalla Costa; Jones Pedro Gomes; Jorge Moreira Cardoso; José Montini; Lauro Casagrande; Lino Pires Franceschi; Luiza Giaretta Radin; Maria Granella; Maximiliano Stefhanus; Maria Isotton; Neda Tedesco; Neiva Zamprogna; Nelcir Antonio Floriani; Olga Licodiedoff, Rogério Zandavalli; Reinaldo Belekewice; Ruth A. Cizinowskos; Valdomiro Risson; Waldir Chiaradia.
· 17 de janeiro de 1963: expedição da Carta Sindical pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social através processo número 224835/1962 e assinada pelo Ministro do Trabalho em 18 de janeiro de 1963. A Carta Sindical está registrada no Ministério do Trabalho no livro 33 (trinta e três) folha 93 (noventa e três).
· 22 de Abril de 1963: eleição da primeira diretoria do Sindicato, composta por Jones Pedro Gomes, Presidente; Reinaldo Belekevice, Secretário e João Arnoldo Schossler,Tesoureiro. Conselho Fiscal: Eloi Bosio, Gervásio Pichinin e Edivin Vitório Grutka: Suplentes: Antonio Borges De Araújo, Waldir Chiaradia e Dalgino Trindade.
Assembleia foi oportunidade de reencontros e recordações
Dos fundadores da associação e do Sindicato, muitos não foram localizados, outros já faleceram, mas entre os que compareceram à assembleia não faltou nostalgia e histórias para contar. O primeiro presidente, Jonas Pedro Gomes, lembra que na época havia muito trabalho. “Além de todo o serviço, tinha muita incomodação, principalmente quando foi feito o primeiro acordo salarial com as firmas, mas a gente fez o que era possível”. A iniciativa dos comerciários foi difícil. “Os patrões tinham bastante medo do sindicato, por isso éramos muito criticados. Quando começamos a fundar a associação, para conseguir a assinatura das fichas a gente visitava os colegas de balcão e eles tinham medo de assinar. Os colegas estavam com medo de serem demitidos”, relembrou Ernesto Francisco Maroso. Mesmo assim, o trabalho prosperou. A construção da sede do sindicato iniciou a partir da participação em um congresso da Federação dos Comerciários em Porto Alegre. Erechim foi sorteado com um cheque de um milhão. Antonio Borges De Araújo, não sabe precisar a moeda utilizada na época, mas conta que o grupo voltou de Porto Alegre com o desafio de iniciar a construção no prazo de seis meses . “Depois de conseguir o terreno, doado pela prefeitura e sem concluir a obra, saímos com o Livro de Ouro, passando de loja em loja atrás de doações. Uns corriam com a gente, outros davam um pouco, mas um ano e meio depois, em 1965, a sede ficou pronta”, lembra seu Antonio. Antes disso, na Casa do Trabalhador, doada pelo então governador Leonel Brizola a cinco sindicatos da cidade, o Sindicato dos Comerciários já oferecia medicamentos na farmácia de amostra grátis, atendimento odontológico e alfabetização de adultos. “Tudo era um serviço espontâneo, sem remuneração”, conta Jonas. Os dirigentes sindicais não eram liberados pelas empresas, tinham que se ausentar do trabalho para fazer as rescisões e as atividades eram feitas todas fora do expediente. “A gente construiu com tanto sacrifício, às vezes desanimava, éramos poucos, as viagens a Porto Alegre eram pagas com dinheiro próprio, não recebíamos salário e não éramos liberados para trabalhar no sindicato, mas valeu a pena porque a gente vê o resultado”, assegura seu Antonio, que também enfrentou o período da ditadura militar. “A gente não se metia, não misturava religião nem política e o governo acabou, no fim, dando força para os sindicatos”, garante. 

Comentários