Índios sofrem com a falta de água

Imagem geral da reserva. Foto: Google Earth

Fonte: Jornal Bom Dia / Paola Seibt
A reserva indígena do Ligeiro, localizada em Charrua, com uma população de 1.600 índios, sofre há pelo menos cinco anos com a falta de água potável. Neste período já foram perfurados oito poços artesianos, mas a vazão da água é baixa e acaba não sendo suficiente para abastecer a todos de maneira adequada.
Para tentar amenizar o problema, caminhões pipa levam cerca de 50 mil litros d’água por dia para a reserva. Assim, cinco reservatórios são abastecidos e a população indígena precisa se deslocar com baldes e bacias até estas localidades para buscar água, que é utilizada somente para beber e no preparo dos alimentos. Outras atividades, como lavar roupa são feitas em um rio próximo.
A falta de água influencia ainda o atendimento da Unidade Básica de Saúde e da escola, instaladas dentro da reserva.
O coordenador técnico local da Funai, com sede em Tapejara, Lourinaldo Veloso, disse que a situação no local é preocupante e que inclusive o Ministério Público Federal já ajuizou ação contra a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), responsável pelo abastecimento de água e saneamento básico da reserva, no intuito de resolver o problema.
Veloso explicou que uma das alternativas seria aprofundar os poços artesianos perfurando o Aquífero Guarani e aumentando a vazão da água, porém, há indícios, segundo ele, de que esta água possa ser salobra. Alternativa, que também teria sido apontada pelo próprio Ministério Público, seria a construção de uma adutora aproveitando a água do rio Ligeiro e que levaria água até a reserva, porém um levantamento apontou que o investimento giraria em torno dos R$ 100 milhões.
Para Veloso, esta situação deve ser resolvida pela Funasa que é responsável pelo setor. Segundo ele, “cabe a Fundação Nacional do Índio (Funai), alertar sobre a situação ao Ministério Público, cobrar e oficializar sobre os problemas, já que a Funai não possui estrutura para perfurar poços”. Ele afirmou que a Funasa é quem tem arcado com as despesas para compra de água potável da Corsan de Getúlio Vargas e que é transportada em caminhões pipa até a reserva.
O prefeito de Charrua, Vanderlei Simionatto (PDT), revelou que sozinho o município não tem como resolver esta situação, pois os investimentos seriam muito elevados. “Na verdade são vários atores que não estão conseguido resolver este problema. Nós somos parceiros para encontrar uma saída. Sabemos que o problema é delicado e precisamos buscar juntos uma alternativa, porque sozinho o município não tem dinheiro para fazer frente a este problema,” disse.
A prefeitura de Charrua já disponibilizou caminhão pipa para reforçar o transporte de água até a reserva. Porém, o prefeito, disse que o caminhão é velho e muitas vezes precisa ficar parado para manutenção.
Simionatto informou ainda que além da reserva, outra parte do município também tem dificuldade em se tratando de água, mas que em algumas localidades a situação foi amenizada com a perfuração dos poços artesianos.

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