Erebango - Marcas da Revolução de 1923 em propriedade da Linha Seis
Em janeiro de 1923 tinha inicio no Rio Grande do Sul um
movimento revolucionário para impedir a posse do governador Antônio Augusto
Borges de Medeiros para um quinto mandato. Na região do Alto Uruguai a
intendência municipal de Erechim chegou a ser tomada pelo General Felipe Neri
Portinho, líder “maragato”.
Casa loalizada na Linha onde Jacob Rech e o filho Reinaldo foram mortos em 1923. |
Os governistas, chamados pejorativamente de “chimangos”, não
tardaram a reagir e forças comandadas pelo Coronel Victor Dumoncel Filho foram
enviadas para a região. A historiografia registra os dois maiores
enfrentamentos, os combates no Desvio Giaretta, ocorrido em 23 de junho, e na
Fazenda Quatro Irmãos, no dia 13 de setembro.
Furos de balas nas paredes do sobrado. |
Até a assinatura do Tratado de Pedras Altas, ocorrido em
dezembro, o medo tomou conta da população. A requisição de alimentos, cavalos,
carroças, armas e dinheiro era uma prática habitual. Havia ainda entre as
famílias o temor de que os homens pudessem ser recrutados para a guerra.
Um episódio ocorrido no dia 14 de abril numa propriedade na
Linha Seis, localizada ao lado da estrada principal entre e Erebango e Erechim
(atual Getúlio Vargas) resultou em duas mortes. As marcas da tragédia, que
segundo descendentes resultou na morte do pioneiro Jacob Rech e do filho
Reynaldo, ficaram no assoalho do sótão. E também nas tábuas das paredes,
varadas por balas.
Nico Beck com a filha e a neta. |
Há décadas a propriedade rural foi adquirida
pela família Beck e na histórica edificação residem o casal Gilberto e
Maritania Guterres e os filhos Anderson, Adriano e Oneide, bem como Leony Ana
Beck e o filho Mauro. Recente matéria veiculada no programa Jornal do Almoço,
da RBS TV, revelou o trágico episódio ocorrido a mais de oitenta anos. E também
o recente achado de um baú de madeira que estava depositado no porão.
Ferramentas de marcenaria encontradas. |
De acordo com Antônio Nicolau Beck, pai
de Maritânia e Leony, no baú estava guardado as ferramentas de Nicolau Beck. O
marceneiro, nascido na Alemanha em 24 de dezembro de 1857 exerceu a profissão
ao longo da vida. Ele faleceu no dia 31 de janeiro de 1928. As ferramentas
foram limpas e classificadas por Reinaldo Otávio Figur (84 anos) e Gilberto
Martinho Figur. A iniciativa foi de Ervino Figur (90 anos), que atualmente
reside em Caçador (SC), mas por décadas foi vizinho da família Rech e Beck.
Uma bela história.
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