Terremoto causa reflexos em prédios de Passo Fundo


O país vizinho registrou sismo de 6,5 graus no fim da manhã desta terça-feira (21).


Com medo, pessoas que estavam em prédio na XV de Novembro foram para a rua
Crédito: Divulgação


Um terremoto que atingiu a Bolívia provocou reflexos em prédios da cidade de Passo Fundo no fim da manhã desta terça-feira (21). O Observatório San Calixto, de La Paz na Bolívia, confirmou o registro de um sismo de 6,5 graus na escala de Richter na província de Chuquisaca Zudañez. O terremoto ocorreu após as 10h, a uma profundidade de 664,4 km. Em Passo Fundo, os tremores foram sentido no prédio do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), em uma galeria na Rua General Neto e em um prédio residencial nas proximidades da Gare. No hospital, alguns andares foram evacuados. Uma funcionária da instituição contou que houve dois tremores e que o segundo foi mais intenso. Segundo o Corpo de Bombeiro de Passo Fundo não houve nenhum dano material.
O professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Álvaro Becker da Rosa, que trabalha com questões ligadas à física, explica que a crosta terrestre é dividida em camadas. Uma dessas camadas, muito abaixo do solo, é rochosa. “É como se tivesse uma pedra mal encaixada em uma calçada. Essa pedra fica forçando para tentar ir pro lugar. Quando ocorre um pequeno deslizamento, de uma sobre a outra, treme todo o solo imediatamente acima, mas como é uma camada grande, o tremor vai muito longe”, descreve.
Regiões como o norte da Argentina, o Chile e a Bolívia são bastante sujeitos a sismos. “O terremoto de lá provoca a vibração da placa e a gente acaba sentindo aqui. O solo não é inteiriço. Então, alguns terremotos, em alguma região por exemplo da Bolívia, nós podemos sentir”, afirma. A teoria de um terremoto, na região de Passo Fundo, pode ser descartada, conforme o professor, pois o Brasil é geologicamente estável. “O que temos aqui é reflexo de outros terremotos. No Brasil existem algumas regiões, como por exemplo na Bahia, que estão sujeitas a terremotos. No resto, quase sempre é reflexo de outros terremotos”, enfatiza.
Prédios
Os tremores geralmente são sentidos em prédios mais altos. O professor usa o exemplo do Bambu no vento para explicar o que acontece com edifícios nestas situações: a parte superior balança bastante enquanto a base quase não balança nada. “Quando você pega um tremor de terra, que chacoalha a base do prédio, quem está lá em cima vai sentir. Uma vibração que você não sente em uma casa, você pode sentir em um prédio que é mais alto. Vai balançar mais”, pontua Rosa. O especialista afirma que a estrutura do prédio não é totalmente rígida e com o vento ele pode oscilar centímetros. “Tem prédios que chegam a oscilar mais de um metro. O prédio tem uma certa flexibilidade. Mas isso não significa que ele irá cair, por exemplo”.
Ainda, Álvaro Becker da Rosa explica que muito difícil precisar um terremoto ou onde ele provocará reflexos, uma vez que cada prédio tem características diferentes. “Um determinado tremor de terra pode provocar a vibração de um prédio e pode não vibrar o prédio que está do lado. Um segundo terremoto, pode ser exatamente o contrário. Quando se tem um tremor desses, não serão todos os prédios que vão vibrar. Alguns vão sentir tremores e outros não, não há muito como determinar”, esclarece.
Situações semelhantes
Casos semelhantes foram registrados em 2015 e 2011 na cidade. O professor lembra que desde 1980 já aconteceram muitas situações dessas. “Nunca parei para contar, mas estimo que houve entre 15 e 20 tremores de terra que as pessoas comentaram na rua. As vezes recebe uma ênfase maior. Claro que quando se vê um tremor desses, as pessoas ficam com medo, o desconhecimento que gera pânico. Há muitos terremotos que, muitas vezes, as pessoas, talvez pelo dia a dia, nem sentem. Tudo no Brasil é estável, mais do que esse desconforto não vai acontecer”, tranquiliza o professor.


Fonte: O Nacional

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