Atualização agronômica em solos para a extensão rural

Solo: é preciso começar da base para garantir um bom retorno

Na semana de 16 a 19/06, um grupo de 30 extensionistas da Emater/RS participou do curso sobre "Fundamentos de Agricultura Conservacionista e Fertilidade do Solo", desenvolvido pela Embrapa Trigo em parceria com a UPF. A capacitação, iniciada em maio, já contou com a participação de mais de 70 extensionistas, divididos em três turmas.
A primeira palestra do curso foi proferida pelo pesquisador da Embrapa Trigo José Eloir Denardin, mentor do conteúdo sobre agricultura conservacionista desenvolvido na empresa nos últimos anos. Com foco no Rio Grande do Sul, Denardin resgatou o histórico das principais iniciativas para a conservação do solo no Estado: Operação Tatu (anos 1960), voltada para a correção da acidez do solo; projeto integrado de uso, manejo e conservação do solo (1979 a 1983), direcionado à erradicação da queima da palha, redução da intensidade de preparo do solo e ao investimento em espécies para adubação verde; Projeto Metas (1993 a 1998), com o objetivo de viabilizar e difundir o sistema plantio direto no Rio Grande do Sul. "O plantio direto já está sendo praticado há cerca de 40 anos no Rio Grande do Sul. Temos que ter cautela ao utilizar o Manual de Adubação e Calagem para o RS e SC, pois o solo manejado sob plantio direto está modificado quando comparado ao solo preparado com aração e gradagem. A camada de 0 a 20 cm e mesmo de 0 a 10 cm de profundidade não é mais homogênea como no preparo convencional e pode afetar a interpretação das análises de fertilidade do solo. São novas condições de solo que precisam ser consideradas", alerta Denardin. Para ele, este atual projeto, voltado para a agricultura conservacionista, é mais complexo que os anteriores: "Este projeto não está focado em uma tecnologia específica. O foco em agricultura conservacionista envolve amplo conjunto de tecnologias, considerando a aptidão e capacidade de uso das terras, formas de preparo do solo, diversificação de culturas, uso preciso de corretivos, adubos, agroquímicos e máquinas e implementos agrícolas, práticas de controle da erosão, com ênfase na prevenção de perdas de água e de nutrientes nela presentes e, até mesmo, o equilíbrio financeiro do produtor", explica Denardin.

Para o assistente técnico da Emater/RS Edemar Streck, o desafio dos extensionistas tem sido convencer o produtor rural: "O produtor viu o tamanho dos problemas causados pela erosão no ano passado e a diferença dos locais que conservaram os terraços na propriedade. Ninguém me provou, ainda, que terraços não funcionam para conter a enxurrada ou que não vale a pena ocupar espaços na lavoura com esse tipo de ferramenta. Nosso desafio é convencer o produtor de que terraço, nas condições de solo, clima e topografia do Estado, é prática importantíssima para estancar as perdas de solo, água e fertilizantes". A estratégia da instituição é a instalação de Unidades de Referência Tecnológica (URT) em diversos municípios do Rio Grande do Sul, onde um plano de manejo conservacionista do solo vai servir de modelo para os produtores da região.

Para o analista da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, os resultados da URTs são esperados no médio/longo prazo e deverão ser apresentados em eventos públicos como dias de campo e visitas técnicas no próximo ano. O Chefe-Geral Sergio Dotto justifica a ação: "A Embrapa tem trabalhado com uma visão sistêmica na produção de grãos. Não adianta investir em cultivares de alto desempenho se o solo não sustenta o investimento nos insumos. É preciso começar da base para garantir o retorno na produção".

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