Começa operação do MPT no frigorífico da Cotrigo em Estação
Começou, na manhã desta terça-feira (10/5), nova operação da
força-tarefa estadual dos frigoríficos gaúchos, coordenada pelo Ministério
Público do Trabalho (MPT) e que investiga meio ambiente do trabalho, desde
janeiro de 2014. O alvo é a Cooperativa Tritícola de Getúlio Vargas Ltda.
(Cotrigo), de Estação. O município (emancipado de Getúlio Vargas em 1988) está
localizado no Noroeste gaúcho, a 340 km da Capital, Porto Alegre. A planta
estaçonense, fundada em 1935, fica na rua Josino Monteiro, 2, Centro. A fábrica
tem 547 empregados (421 ativos e 55 afastados), sendo 71 haitianos, e abate, de
segunda a sexta-feira, 800 suínos por dia, com receita bruta mensal entre R$
1,8 milhão e R$ 2 milhões. A produção é direcionada para a Pamplona Alimentos
S. A., de Rio do Sul (SC). A equipe operacional chegou de surpresa ao local e
foi recebida, às 8h, pelo presidente da Cotrigo, Antônio Orth.
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Fachada do Frigorifico da Cotrigo localizado na Rua Josino Monteiro, 55 no Bairro Santana, em Estação (Foto: Divulgação AFR) |
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Integrantes da força tarefa chegam de surpresa no inicio da manhã na planta do frigorífico da Cotrigo. Foto: Divulgação AFR |
Esta é a 33ª ação (3ª de
deste ano) do grupamento operacional (9 em 2014 e 21 em 2015). Até agora, foram
vistoriados 14 avícolas (incluindo 4 monitoramentos na Serra), 7 bovinos, 10
suínos (incluindo este), 1 fábrica de rações e 1 de processamento de alimentos
(sem abate). Interdições de máquinas e atividades paralisaram 12 plantas (6
avícolas, 3 bovinas e 3 suínas) em vistorias com participação do Ministério do
Trabalho e Previdência Social (MTPS). O calendário de 2016 prevê diversas
inspeções por todas as regiões do Rio Grande do Sul até o final do ano. A
operação se estenderá até o final da tarde de quinta-feira.
Integrantes
A operação tem apoio técnico
da Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho
(Fundacentro), vinculada ao MTPS, e de dois Centros Regionais de Referência em
Saúde do Trabalhador (Cerest): Alto Uruguai (com sede em Erechim) e Região dos
Vales (com sede em Santa Cruz do Sul), vinculados ao Ministério da Saúde, além
do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Rio Grande do Sul
(CREA-RS). O grupo é apoiado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores nas
Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins). O movimento sindical dos
trabalhadores também participa com a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias
da Alimentação do Rio Grande do Sul (FTIA/RS). Relatórios dos parceiros
instruirão inquérito civil (IC) em andamento no MPT passo-fundense.
A ação tem participação de
13 integrantes. Pelo MPT, a procuradora do Trabalho Flávia Bornéo Funck,
responsável pelo procedimento e coordenadora da operação, assessorada pela
analista Daniele Curcio Feijó (ambas lotadas em Passo Fundo), e pelo chefe da
Assessoria de Comunicação do MPT-RS, jornalista Flávio Wornicov Portela (lotado
em Porto Alegre). Pela Fundacentro, a tecnologista Maria Muccillo (lotada em
Porto Alegre), representante da bancada do governo na Comissão Nacional
Tripartite Temática (CNTT) da NR-36, voltada ao setor frigorífico. Pelo Cerest
Alto Uruguai, o chefe da equipe, Paulo Henrique Rossetto, e a enfermeira Sandra
Maria de Ré Busatta e (lotados em Erechim). Pelo Cerest Vales, a médica do
Trabalho Adriana Skamvetsakis (lotada em Santa Cruz do Sul). Pelo CREA, o
gerente de fiscalização, engenheiro Marino José Greco, o engenheiro do Núcleo
Técnico de Fiscalização, Marcelo Martins Corrêa de Souza (lotados em Porto
Alegre), a supervisora de fiscalização da Serra / Sinos, Alessandra Maria
Borges (lotada em Caxias do Sul), e o agente Fiscal Homero Luis Baldissera
(Inspetoria de Erechim). Participa, também, a fisioterapeuta e especialista em
ergonomia Carine Taís Guagnini Benedet (de Caxias do Sul), que presta serviço
para a CNTA Afins. A ação é acompanhada, ainda, pelo secretário-feral da
FTIA/RS, Dori Nei Scortegagna.
Histórico da força-tarefa
10 avícolas de janeiro de 2014 a janeiro de 2015
Entre janeiro de 2014 e janeiro
de 2015, a força-tarefa (com participação do MTE) realizou dez ações nos
frigoríficos gaúchos que abatem frangos. As quatro primeiras, a oitava e a nona
operações (21 de janeiro – Companhia Minuano de Alimentos, em Passo Fundo; 18 a
19 de fevereiro – JBS Aves Ltda., em Montenegro; 23 a 25 de abril – BRF S. A.,
em Lajeado; 10 a 12 de junho – Agrosul Agroavícola Industrial S. A., em São
Sebastião do Caí; 16 a 18 de setembro – Nova Araçá Ltda., em Nova Araçá; e 16 a
18 de dezembro – JBS Aves Ltda., em Passo Fundo) resultaram nas primeiras
interdições ergonômicas em frigoríficos na história brasileira. Como
consequência, foi diminuído o excessivo ritmo de trabalho exigido pelas
plantas. As empresas acataram as determinações e solucionaram os problemas, removendo
em poucos dias as causas das interdições.
Da quinta à sétima e a
décima inspeção (15 a 18 de julho – BRF S. A., em Marau; 30 a 31 de julho – JBS
Aves Ltda., em Garibaldi; 26 a 28 de agosto – Cooperativa Languiru, em
Wesfália; e 20 a 23 de janeiro – Companhia Minuano de Alimentos, em Lajeado),
os frigoríficos assumiram compromissos de reduzir o ritmo de trabalho nas suas
linhas de produção. As interdições de máquinas e atividades, entretanto, não
interromperam o funcionamento das indústrias.
4 monitoramentos avícolas na Serra em setembro e outubro de 2015
Em 16 de setembro de 2015, o
MPT começou monitoramento em plantas avícolas sob vigilância, desde 2006,
localizadas na Serra gaúcha. O primeiro vistoriado foi o Frigorífico Chesini
Ltda., em Farroupilha. A indústria tem 298 empregados (nove estrangeiros: seis
haitianos e três senegalêses) e abate 33 mil frangos por dia. A empresa também
atua na suinocultura (criação e engorda de suínos). O segundo monitorado foi o
Seara Alimentos S. A. (do grupo econômico JBS Foods), em Desvio Rizzo (Caxias
do Sul), em 6 e 7/10. O MPT expediu Notificação Recomendatória. Esse é o único
frigorífico que abate perus no Rio Grande do Sul. A empresa tem 863 empregados,
sendo 91 estrangeiros (80 senegalêses, 8 haitianos, 1 peruano e 1 colombiano).
O terceiro monitoramento foi no Frigorífico Nicolini Ltda., em Garibaldi, em 20
e 21/10. O quarto monitoramento foi o Carrer Alimentos Ltda., em Farroupilha,
em 26 e 27/10.
7 bovinos e 10 suínos a partir de março de 2015
As duas primeiras, a sexta,
a oitava, a décima-terceira e a décima-quarta das 16 operações realizadas,
desde março de 2015, em frigoríficos gaúchos que abatem bovinos ou suínos,
resultaram em interdições por parte do Ministério do Trabalho e Previdência
Social (MTPS). A primeira ação, de 17 a 20/3, foi no Frigorífico Silva
Indústria e Comércio Ltda. (1º bovinos), em Santa Maria. A indústria foi
interditada pelo MTE em 20/3 e ficou impossibilitada de abater por seis dias,
de 21 a 26/3. A empresa corrigiu as irregularidades e o MTPS levantou a
interdição em 27/3. Depois, o MTPS entregou, em 7/4, 76 autos de infração ao
frigorífico. A Indústria de Rações Passo das Tropas Ltda., do mesmo grupo e que
funciona no mesmo local, recebeu outros cinco autos de infração. A segunda
fiscalização, de 12 a 15/5, foi no MFB Marfrig Frigoríficos do Brasil S. A. (2º
bovinos), em Bagé, interditado pelo MTPS em 15/5. Na sexta operação (simultânea
à JBS Foods, em Frederico Westphalen), de 11 a 14/8, atividades e máquinas do
frigorífico Alibem Alimentos S. A. (3º suínos), em Santa Rosa, foram
interditadas. por caracterização do risco grave e iminente à integridade dos
trabalhadores. Na oitava operação, (simultânea à Apebrun Comércio de Carnes
Ltda. em Vacaria), de 15 a 18/9, o frigorífico da Cooperativa Central Aurora
Alimentos (4º suínos), em Erechim, foi interditado. Na décima-terceira operação
(simultânea à Pampeano Alimentos S. A. / Marfrig Group, em Hulha Negra), de 23
a 27/11, a Sulpork Eireli / Alibem (7º suínos), em Júlio de Castilhos, sofreu
interdição. Na décima-quarta operação, o frigorífico Callegaro e Irmãos Ltda.
(7º bovinos), em Santo Ângelo, foi interditado. As quatro últimas ações foram
resultado da fiscalização de grupo de auditores-fiscais do Trabalho, com apoio
do MPT e do movimento sindical dos trabalhadores.
A terceira operação foi
realizada de 23 a 24/6, quando o MPT vistoriou a Alibem Alimentos S. A. (1º
suínos), em Santo Ângelo. O objetivo foi o de verificar o cumprimento de quatro
termos de ajuste de conduta (TACs) sobre meio ambiente de trabalho já firmados
perante o MPT. A quarta operação, em 15/7, foi no Paverama (3º bovinos), em
Paverama. O objetivo foi o de instrumentalizar inquérito civil (IC) em
andamento no MPT. Na quinta operação, de 11 a 13/8 (simultânea à Alibem, em
Santa Rosa), o MPT solucionou graves e iminentes riscos aos trabalhadores em
máquinas instaladas no frigorífico JBS Foods (2º suínos), em Frederico
Westphalen. A sétima operação (simultânea à da Cooperativa Central Aurora Alimentos,
em Erechim), em 16 de setembro, foi no Apebrun Comércio de Carnes Ltda. (4º
bovinos), em Vacaria. Os integrantes da operação vacariense diagnosticaram
problemas de segurança de máquinas e procedimentos industriais, gestão de risco
insuficiente e riscos ergonômicos no setor produtivo, sem tratamento adequado.
As quatro indústrias foram alertadas sobre irregularidades trabalhistas
constatadas nas vistorias. A primeira deverá receber multas por descumprimento
dos TACs.
A partir da nona operação,
de 22 a 24/9/2015, na Cooperativa dos Suinocultores de Encantado Ltda. - Cosuel
(5º suínos), em Encantado, o MPT começou a expedir Notificações
Recomendatórias. A empresa recebeu prazos de 24 horas a 60 dias para adequar
irregularidades. Na décima operação, em 14/10, o MPT notificou o frigorífico
Sulnorte, Indústria e Comércio de Carnes Eireli (5º bovinos), em Triunfo. Na
décima-primeira, em 6/11, o MPT vistoriou e notificou as plantas do
frigorífico, do laticínio e da produção de ração da Cooperativa Santa Clara
Ltda. (6º suínos), em Carlos Barbosa. A décima-segunda operação, de 24 a 27/11,
foi na Pampeano Alimentos S. A. - Marfrig Group (6º bovinos enlatados), em
Hulha Negra. A décima-quinta operação foi realizada, de 15 a 18/12, na JBS Aves
Ltda. (8º suínos, apesar do nome), em Caxias do Sul. A décima-sexta operação
foi, de 8 a 10/3/2016, na Cooperativa Languiru Ltda. (9º suínos, em Poço das
Antas). A décima-sétima é esta, a partir do dia 10/5/2016, na Cooperativa
Tritícola de Getúlio Vargas Ltda. (Cotrigo), de Estação.
1 fábrica de rações em outubro de 2015
O MPT e o CREA-RS
inspecionaram, em 1º de outubro de 2015, a fábrica de rações da BRF S. A., em
Arroio do Meio, devido à denúncia de acidente de trabalho com morte. Informação
recebida dava conta de que um motorista tombou, em 5 de agosto, a carreta que
dirigia (de uma empresa terceirizada) carregada de farelo de soja em um
barranco às magens do rio Taquari, dentro do pátio da empresa. O resgate foi
feito pelo Corpo de Bombeiros de Lajeado e pelo Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (SAMU). O trabalhador chegou a ser socorrido no hospital lajeadense
Bruno Born (localizado a 12 km / 17 min, segundo o Google Mapas), mas morreu 48
horas depois. Os executivos da BRF foram chamados para receber Notificação
Recomendatória para que, sem prejuízo de outras constatações a serem
demonstradas nos relatórios técnicos, proceda à adequação de situações ao
disposto na legislação trabalhista.
5 acordos (4 MPT em Santa Cruz do Sul e 1 MPT em Novo Hamburgo)
Cinco frigoríficos (três
avícolas, um suinícola e um bovino) já firmaram acordos com o MPT. Em 12 de
agosto de 2014, a JBS montenegrina (avícola) foi a primeira fábrica a assinar
acordo perante o MPT em Santa Cruz do Sul, comprometendo-se a observar 15
medidas, entre elas, desenvolver programa de melhorias do ambiente de trabalho.
Em 2 de outubro, foi a vez da Agrosul caiense (avícola) assinar pacto, perante
o MPT em Novo Hamburgo, comprometendo-se a adequar e aperfeiçoar as práticas de
gestão de risco e prevenção de acidentes e doenças ocupacionais e preservação
da saúde de todos os seus empregados. Em 27 de agosto de 2015, o Paverama
paveramense (bovino) firmou TAC perante o MPT santa-cruzense, assumindo 34
compromissos de correção de irregularidades trabalhistas, especialmente as
referentes ao meio ambiente de trabalho. Em 26 de fevereiro de 2016, a Cosuel
encantadense (suínos) firmou TAC perante o MPT em Santa Cruz do Sul. E em 8 de
março, a Languiru westfaliana (avícola) firmou TAC com o MPT santa-cruzense.
Fonte: jORNALISTA FLÁVIO WORNICOV PORTELA - Chefe de Assessoria de Comunicação do
MPT/RS. (Texto e fotos).
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