Civismo: Um getuliense envolvido na posse de Dilma Rousseff

O Brasil está prestes a viver mais um momento que vai ficar marcado na sua história. É a posse da primeira mulher a ser eleita presidente da República para governar o país. A solenidade acontece neste sábado, primeiro dia de 2011. Mas esta matéria não é sobre a posse de Dilma Rousseff, e sim, sobre o Pavilhão Nacional na Praça dos Três Poderes. Antes de Dilma Rousseff subir a rampa do Palácio do Planalto, em Brasília (DF), para receber a faixa presidencial do presidente Lula, ela participa da cerimônia solene de hasteamento do Pavilhão Nacional na Praça dos Três Poderes. O pavilhão é uma enorme bandeira do Brasil, de 280m² que, desde 1972, fica hasteada permanentemente na praça, em um mastro de 94m de altura. O que pouca gente sabe, é que esta enorme flâmula, um dos símbolos da República, é fabricada no Paraná, na cidade de Cascavel, pela empresa Bandvel. E o que menos gente sabe ainda, é que a Bandvel é de um filho do município de Getúlio Vargas: Sérgio Tomasseto. A Bandvel é responsável por produzir todas as bandeiras dos órgãos oficiais do governo federal e das embaixadas brasileiras no exterior, desde 2000. Tomasseto está radicado há 25 anos no Oeste paranaense. Foi embora de Getúlio Vargas com a intenção de montar uma rede de sorveterias naquela região. “Demos um passo maior que as pernas com a sorveteria”, avalia. A decisão de mudar de ramo foi em 1996, quando comprou duas máquinas de costura de um vizinho que fazia bandeiras e também não estava indo bem. No início da nova carreira, Tomasseto enchia sua Belina 76 de flâmulas nacionais e ia vender para turistas da fronteira em Foz do Iguaçu. Aperfeiçoou o negócio e torcia por um grande contrato com órgãos oficiais, o que veio a acontecer no ano 2000. Em abril daquele ano, por iniciativa da embaixada brasileira, a prefeitura de Paris (França) ornamentou a principal avenida da cidade, a Champs Elysées, com bandeiras brasileiras alusivas aos 500 anos do descobrimento do Brasil. Essas bandeiras foram produzidas pela Bandvel, sendo as primeiras da empresa usadas oficialmente pelo cerimonial da República. Desde então, Tomasseto saiu vitorioso de todas as licitações realizadas anualmente pelo governo federal para a aquisição de novas bandeiras. “A reposição obrigatória do material determina a produção intensa”, explica. O empresário getuliense que se deu bem no Paraná, garante que seu preço é inferior e que seu “know how” está muito acima dos concorrentes, tanto na fabricação de bandeiras pequenas, como na “bandeira gigante”. A empresa que fornecia o material anteriormente, colocou em jogo a capacidade de produção da Bandvel. Tomasseto mandou as bandeiras ao representante do governo e desafiou: “Se vocês não aprovarem não precisa pagar, nem devolver o material.” E lembra, com orgulho, que o produto foi aprovado. As bandeiras da Bandvel chamaram atenção pela qualidade no atendimento aos rígidos padrões impostos pelo Exército brasileiro. “Cada bandeira tem um padrão definido em legislação específica”, comenta Tomasseto. Confiante no trabalho da empresa, disse que o Exército pode fechar a fábrica se as bandeiras es-tiverem fora dos padrões. A “bandeira gigante” para a posse de Dilma está pronta desde o início de novembro e será a última do lote de treze unidades adquirido pelo governo federal em 2010. A próxima licitação deve ocorrer em fevereiro do ano que vem. “A Bandvel vai concorrer e espera ganhar novamente”, comenta Sérgio Tomasseto. Sobre o preço, diz que “é segredo de Estado”. O início No início, a produção da Bandvel cabia num quarto de 20m². “A gente ia costurando e depois tinha que abrir no salão da igreja para ver como ficava”, relembra Sérgio Tomasseto. O descrédito dos amigos e parentes e a falta de estrutura foram os maiores problemas enfrentados no início da nova atividade. Passados quinze anos, o principal cliente da Bandvel é o governo federal. Hoje, a empresa tem um barracão de 2,1 mil m² e 40 funcionárias. A cada semana, 3.000m de tecido são transformados em novas bandeiras. De todo este pano, 70% é verde e amarelo. Apesar da empresa já ter feito pavilhões de mais de 100 países e estados, a bandeira do Brasil é a especialidade da casa. De olho na Copa do Mundo e na Olimpíada, Tomasseto garante que é tempo de investir e aumentar a produção. Em Getúlio Vargas, a encomenda de bandeiras para a Bandvel pode ser feita com Tatinha. Quem quiser conferir a qualidade do trabalho da empresa, pode ver as bandeiras do Lions Clube local. Curiosidades • De acordo com o livro Guinness, o Pavilhão Nacional é a maior bandeira hasteada de forma permanente no mundo. • O pavilhão é confeccionado em náilon de paraquedas. • A bandeira que fica hasteada durante a noite deve permanecer sempre iluminada. • O mastro na Praça dos Três Poderes é formado por 24 hastes metálicas que representavam os estados da Federação existentes à época de sua inauguração, em 1972. • Na base do mastro está escrito: “Sob a guarda do povo brasileiro, nesta Praça dos Três Poderes, a Bandeira, sempre no alto, visão permanente da Pátria.” • O mastro tem 94m de altura. • O Pavilhão Nacional mede 280m², o equivalente a uma quadra de vôlei (20m x 14m). • Durante a troca das bandeiras, o mastro nunca fica vazio. A bandeira que será substituída só desce depois que a outra é alçada ao topo. • No primeiro domingo de cada mês, as bandeiras são trocadas, pois, segundo a lei militar, elas não podem estar rasgadas, desbotadas, desfiadas. • No Dia da Bandeira (19/11), o Exército faz uma cerimônia de incineração das bandeiras descartadas. As cinzas são enterradas.

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