Situação da água em Erechim é crítica


A barragem está 2,48 metros abaixo do nível normal. Em um setor, o lago da Corsan, dividiu-se em dois.


A situação é crítica. Está é a definição mais próxima à realidade do erechinense para a semana que se inicia quando o assunto é a barragem da Corsan que armazena a água para abastecer cerca de 97 mil pessoas que vivem na cidade. A empresa só adotará o racionamento como medida extrema, mas vários fatores levam a crer que a medida não está muito longe. No final de semana surgiu um fato novo: pela primeira vez nos últimos anos o lago dividiu-se em dois onde ingressa o rio Leãozinho – um dos três rios que formam a bacia de captação da Corsan.
Na tarde deste domingo não passava mais água sob a ponte onde ocorreu a tragédia de 2004 matando 17 pessoas em um ônibus escolar que precipitou-se no lago. Com isto, uma das três fontes que abastecem o reservatório, não contribui mais para a formação do lago perto da barragem de concreto. No local já está à vista uma ilha, próxima de uma ervateira que fica às margens do lago. Na tarde deste domingo, dezenas de pessoas pescavam – até com rede – no entorno do lago. Tanto o aparecimento da ilha como a interrupção do rio Leãozinho, passando sob a ponte, são situações que precederam os racionamentos de água em 2005 (33 dias) e 2009 (11 dias). Numa outra ponta o reservatório recebe as águas dos rios Ligeirinho e do Campo.
No entanto, na soma dos dois rios, é possível caminhar mais de 150 metros sobre chão rachado, onde uma pessoa fica encoberta pela água em condições normais. Nesse local, os dois rios somados (Ligeirinho e do Campo) produzem neste momento apenas o que é um ‘córrego de água’, pois em alguns pontos não têm mais de 50 centímetros de largura. Ainda no domingo à tarde, dezenas de pessoas se deslocaram até o local para ver como está o lago da Corsan. Quem vai lá, volta à cidade com a certeza de que a situação é crítica.


 
Histórico de problemas
A Corsan vem fazendo apelos para o uso racional da água, mas a demanda média diária de 22 milhões litros caiu apenas para cerca de 21 milhões. Equipes da empresa continuam pesquisando pontos de vazamento na cidade, por conta da canalização já muito velha, mas isto não está sendo suficiente para garantir que não haverá racionamento. Há 10 dias a empresa divulgou que cerca de 7 milhões de litros se perdiam em vazamentos acumulados ao longo dos anos. Com as ações houve uma queda na perda de água por vazamento, mas só isto não resolve. Uma perfuratriz deslocada de Porto Alegre está perto do lago perfurando poços em busca de água suplementar, mas até agora nada foi encontrado.
O equipamento chegou a quebrar, mas já está consertado e continua operando. Erechim tem um longo histórico de problemas com abastecimento de água, mas as soluções ficaram só em promessas. Uma das esperanças é a transposição de águas do rio Cravo. Os recursos estariam assegurados pela Corsan. Parte dos canos para 16 km já chegaram esta semana. Em abril será conhecida a empresa vencedora da licitação para fazer a obra. Mas a conclusão das obras pode levar até 18 meses. Isto significa, que para este verão, só com mais de 100 milímetros de chuvas, e que precisam chegar esta semana, podem evitar que a empresa seja levada a tomar a medida extrema – o racionamento. O último racionamento, em 2009, foi adotado quando o lago atingiu três metros abaixo do normal.



Texto: José Adelar Ody.

Crédito fotos: Rodrigo Finardi. 

Comentários