Mais de 50% do orçamento da Itália é investido na agricultura

Comitiva em frente ao prédio que abriga os laboratórios do Centro de Pesquisa de Thiene / Foto Rodrigo Finardi Nesta terça-feira, 15 de outubro, os prefeitos e empresários do Alto Uruguai, em seu segundo dia da Missão à Itália, tiveram um dia cheio com troca de experiências na agricultura. E uma das informações repassadas deixou todos boquiabertos: a Itália investe mais de 50% de seu orçamento na agricultura e o país é composto na maior parte do território por pequenas propriedades, muito similar a região do Alto Uruguai. O dia começou com uma visita a uma cooperativa de laticínios e o Centro de Pesquisa de Thiene. A comitiva foi recebida pelo Diretor de Certificação de Qualidade Luigino Disegna e pelo Diretor Geral Giorgio Bonet na parte da manhã. Acompanha a delegação também o professor e um dos responsáveis pelo desenvolvimento do Modelo Vêneto, o professor Romano Toppan que faz o elo, com seu conhecimento vasto e ainda traduz do italiano para o português quando necessário. O Diretor de Qualidade, Disegna, na sua apresentação reiterou que o papel dentro da centro e da cooperativa de leite é a constante busca da inovação nos produtos: “temos um controle rígido nos certificados de qualidade o que garante uma competitividade dos produtos que são produzidos no Vêneto. Estamos atentos desde a origem do leite até a etapa final”. O professor Romano Toppan fez um paralelo com o Brasil: “na Itália os agricultores trabalham de forma coletiva, se ajudando mutuamente. E no Brasil me parece que trabalham sozinhos em suas propriedades. É como um peixe no oceano. Sozinho será devorado pelo tubarão, mas em cardumes se movimentando para todos os lados se fortalecem e conseguem fugir do predador. Uma pessoa só jamais será competitiva” O modelo de cooperativa mudou na Itália nas últimas três décadas, o que demonstra na prática as palavras de Toppan. Em 1980 eram 2800 cooperativas. Atualmente são apenas 40. Não é porque fecharam ou deixaram de trabalhar. Elas se fundiram para se tornarem mais fortes. O Centro de Pesquisa de Thiene, chamado de “Vêneto Agricoltura” trabalha com várias frentes do setor primário. É uma agência regional para todo o setor agrícola, florestas e agroalimentaçao, que orientam constantemente os pequenos agricultores para o futuro os deixando mais competitivos no mercado. As palavras de ordem na agência são inovação, formação, informação globalização, sustentabilidade e multifuncionalidade. O diretor Luigino Disegna falou à comitiva brasileira que uma vaca leiteira produz de 40 a 50 litros por dia com duas ordenhas e cada litro é vendido por R$ 1,20, dando uma renda para o agricultor que tiver apenas três animais de quase R$ 5 mil. Por ano a produção do Vêneto é de 1,2 bilhões de litros. O Centro de Thiene também é responsável pela certificação de 80% do vinho produzido em toda a Itália. Após a explanação os prefeitos e empresários do Alto Uruguai fizeram dezenas de perguntas para tirarem suas dúvidas e depois tiveram a oportunidade de conhecer as dezenas de laboratórios que o Centro de Thiene mantém para garantir a qualidade total do produto produzido. Na parte da tarde, a comitiva esteve na Corte Benedettina numa comunidade rural chamada Legnaro em Padova. Uma zona rural que mostra riqueza, maior que muitos municípios do Alto Uruguai com asfalto, placas, sinalização, semáforo, enfim, uma infra-estrutura completa. No mosteiro de 1400 anos novamente foram recebidos pelo professor Romano Toppan, pelo Diretor de Qualidade, Luigino Disegna, Franco Norido que trabalha com formação e Frederico Correale Santacroce que é responsável pela área de biomassa e busca de alternativas sustentáveis para os agricultores. Franco Norido iniciou os trabalhos salientando a diversidade da agricultura no Vêneto. Falou que a Corte Benedettina realiza em média 90 cursos por ano e formou 6 mil pessoas no ano passado. Mas estas pessoas formadas na área de agricultura são pessoas que irão trabalhar diretamente com o agricultor e repassar o conhecimento adquirido ajudando suas propriedades a serem cada vez mais produtivas e reiterou o que outros já disseram durante a missão na Itália: “o prefeito é a pessoa mais importante neste processo pois ele vive na cidade. E ninguém mais que o prefeito quer que a cidade vá bem. Com bons projetos, indo buscar recursos e deixando a cidade atrativa e competitiva a infra-estrutura acaba vindo automaticamente”. O professor Romano Toppan afirmou que na Itália ser agricultor é status: “os produtores sabem da importância que eles tem para a economia pelo orçamento de mais de 50% da arrecadação vai para esta área. Não são isolados e trabalham de forma unida na busca de seus objetivos”. Foi quando os prefeitos falaram que no Alto Uruguai o caminho é inverso, onde está cada vez mais difícil manter o homem no campo. Para finalizar foi a vez de Frederico Correale fazer uma explanação riquíssima em detalhes sobre as energias renováveis e a sustentabilidade que as propriedades do Vêneto vem usando. Segundo ele, através da biomassa e energias alternativas o agricultor consegue produzir sua energia e ainda vender para o estado o que não é utilizado. Agenda de quarta-feira Nesta quarta-feira, 16 de outubro a agenda dos prefeitos e empresários do Alto Uruguai será realizada no Centro de Veneza onde acontece a visita a sede da Junta Regional no Palácio Balbi onde serão recebidos para um diálogo sobre as prospectivas e colaboração com o Presidente Luca Zaia e o assessor Daniele Stival. Também acontece a visita a sede da Província de Veneza e recebimento da delegação brasileira pela presidente Francesca Zaccariotto. Na parte da tarde a delegação realiza uma visita guiada para conhecer o Patrimônio Histórico de Veneza, sua preservação e restauração quando necessário, acompanhado pelo Professor Roman Toppan. . Comitiva brasileira Estão presentes nesta missão os prefeitos Luiz Ângelo Poletto – Aratiba; Lírio Zarichta – Três Arroios; Pedro Prezzotto – Getúlio Vargas; Vanderlei Simionatto – Charrua; Jovelino Baldissera – Viadutos; Ademar José Basso – Severiano de Almeida; Geverson Zimmermann – Estação e Mário Luiz Ceron – Ipiranga do Sul, além de José da Cruz, Presidente da Câmara de Vereadores de Erechim; Claudionor Mores – Presidente da Associação Comercial, Cultural, Industrial de Erechim (ACCIE) e Jaci José de Lazzari – Presidente do Conselho Deliberativo da ACCIE e Presidente do Instituto Jaci De Lazzari. TEXTO E FOTO: RODRIGO FINARDI

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