Tortelli destaca a ameaça aos direitos das mulheres na Reforma da Previdência
Reforma da Previdência: um ataque aos
direitos das mulheres’ foi o tema do grande expediente realizado pelo deputado
estadual Altemir Tortelli, nesta terça-feira, 7, na Assembleia Legislativa.
Conforme o parlamentar, as mulheres trabalhadoras serão as mais prejudicadas se
a proposta do Governo Federal for aprovada. Na véspera do Dia Internacional da
Mulher, Tortelli destacou as consequências que sofrerão principalmente as
professoras, as mulheres negras e as agricultoras familiares.
“É preciso alertar que as mulheres
serão, de longe, as mais afetadas e prejudicadas pelas alterações propostas na
Reforma da Previdência”, afirmou o deputado. Segundo ele, a idade mínima e o
tempo de contribuição inferiores constituem o único mecanismo compensatório
reconhecendo a divisão sexual do trabalho, que ainda destina às mulheres os
piores salários e as piores condições. Igualar o tempo de aposentadoria entre
homens e mulheres é, portanto, um retrocesso nos direitos das mulheres.
Conforme Tortelli, a Reforma da
Previdência torna ainda mais aguda a desigualdade e a discriminação salarial
entre homens e mulheres. O parlamentar afirmou que a proposta “é brutal para
toda a classe trabalhadora, principalmente para os que têm renda menor. É
covarde e excludente para as mulheres em geral. Mas é arrasadora para as
professoras, para as mulheres negras e para as mulheres agricultoras”.
As mais afetadas
Para as professoras, Tortelli disse
que aumentar em 15 anos a idade mínima para se aposentar é uma violência contra
as mulheres dessa categoria. “O que esperar de um País que não reserva uma
aposentadoria digna para as mulheres que são responsáveis pela educação de
nossas crianças?”, questionou o deputado, lembrando que cerca de 80% das vagas
de professores da educação básica no Brasil são ocupadas por mulheres e que,
segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a profissão de professor é uma
das mais estressantes.
Sobre as mulheres negras, Tortelli
destacou que o quadro da divisão sexual e racial do trabalho no Brasil ainda é
gravíssimo. O parlamentar apresentou dados do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) que revelam que quase 40% das mulheres negras ocupam postos
precários, com renda de no máximo dois salários mínimos, muitas vezes sem
carteira assinada. “As mulheres negras estão nas piores ocupações, expostas a
menos tempo de descanso e com menor expectativa de vida. Dificilmente chegarão aos
65 anos em condições para desfrutar da aposentadoria”, alertou.
Acerca dos efeitos para a agricultura
familiar, o deputado manifestou que a Reforma da Previdência ataca o
trabalhador rural, pois o condena a viver somente para trabalhar. “No caso das
mulheres rurais, os prejuízos são duplamente mais graves”, disse Tortelli,
explicando que, sem considerar a dupla e tripla jornada que as agricultoras
exercem ao lidar com os afazeres domésticos e a criação dos filhos, a Reforma
da Previdência anula a conquista das trabalhadoras rurais de se aposentar mais
cedo, elevando 10 anos em sua idade mínima (de 55 para 65 anos). “Isso é uma
enorme violência contra a mulher do campo”, classificou.
Deputado convoca colegas a se
posicionarem contra a PEC 287/2016
“Isso que chamam de reforma é, na
verdade, o desmonte da Previdência Pública brasileira”, sintetizou Altemir
Tortelli. “O que está em jogo são os direitos de toda a classe trabalhadora, o
equilíbrio econômico dos municípios, o futuro da agricultura familiar, o desenvolvimento
do interior do Estado e, especialmente, os direitos das mulheres”,
complementou.
Ao final do discurso, Tortelli, que
coordena a Frente Gaúcha em Defesa da Previdência Pública e Contra a Reforma da
Previdência, convocou seus colegas parlamentares, de todos os partidos, a
assinarem um documento dos deputados estaduais gaúchos em contrariedade à
Reforma da Previdência (PEC 287/2016).
Compuseram a mesa do Grande
Expediente a coordenadora da Federação dos Trabalhadores na Agricultura
Familiar (Fetraf-RS), Cleonice Back, a diretora da Federação dos Trabalhadores
nas Indústrias da Alimentação (FTIA-RS), Fátima Soares, a representante da
Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), Vitalina Gonçalves, a presidente
Ceprol – Sindicato dos Professores Municipais de São Leopoldo, Andreia Nunes, e
a presidente da entidade Akanni – Instituto de Pesquisa e Assessoria em
Direitos Humanos, Gênero, Raça e Etnias, Reginete Bispo.
Fizeram apartes ao discurso de
Tortelli os deputados Miriam Marroni (PT), Frederico Antunes (PP), Elton Weber
(PSB), Sergio Peres (PRB), Manuela D’Ávila (PCdoB), Juliana Brizola (PDT),
Edson Brum (PMDB) e Zila Bretenbach (PSDB).
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