Zonas livres de febre aftosa sem vacinação serão oficialmente reconhecidas esta semana
Na próxima quinta-feira (27), o Brasil terá a confirmação da OIE sobre essa conquista alcançada com empenho de vários profissionais, entre eles os auditores fiscais federais e estaduais agropecuários e tantos outros que atuam na área de medicina veterinária.
A participação essencial dos auditores fiscais
federais agropecuários (affas) nos resultados positivos do Programa Nacional de
Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA) é evidente no longo caminho percorrido
para alcançar o ponto mais alto do Plano Estratégico desse Programa, iniciado
em 2017, sob a gestão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa). Trata-se da certificação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE)
para estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas
e do Mato Grosso, como zonas livres de febre aftosa sem vacinação. Com essa
conquista, o Brasil passa a ter 20,7% do rebanho bovino e 47,2% do rebanho
suíno em áreas livre da doença, sem vacinação, incluindo o estado de Santa
Catarina, que foi o primeiro estado brasileiro a receber essa certificação
internacional.
A expectativa é que todo o país esteja totalmente
livre da aftosa sem vacinação até 2026, conforme meta prevista no PNEFA, o que
trará mais benefícios econômicos a toda a nação, possibilitando a ampliação da
exportação de produtos de origem animal e diminuindo custos aos produtores
rurais brasileiros. A erradicação da doença no Brasil é perseguida há mais de
60 anos pelo governo federal e autoridades sanitárias, e vem ocorrendo por
etapas. Atualmente, somente o estado de Santa Catarina tem a certificação
internacional.
Quem explica é o auditor fiscal federal
agropecuário (affa), Diego Viali dos Santos, que há 15 anos trabalha no Serviço
Veterinário Oficial. O PNEFA tem como principal estratégia manutenção de país
livre da doença e a ampliação, gradativa, das zonas sem vacinação, de acordo
com as diretrizes estabelecidas pela OIE. "O PNEFA tem autonomia técnica
muito grande", afirma Diego e reforça que "o sucesso do Programa está
na gestão compartilhada, entre o setor público e privado, sem norteamento
ideológico".
O auditor atua na Divisão de Febre Aftosa do
Departamento de Saúde Animal (DIFA/SDA) desde 2018 e já foi coordenador
estadual do Programa de Prevenção e Erradicação da Febre Aftosa na Secretaria
da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul (SEAPA-RS) de 2006
a 2009. "Agora, temos 20% do rebanho bovino e cerca de 50% da população de
suínos do país nessas regiões livres da febre aftosa sem vacinação, podendo atingir
outros mercados, trazendo benefícios a todos os produtores rurais, que é com
quem trabalhamos diretamente", destaca.
Com a experiência e visão de quem acompanha de
perto todas as etapas do processo para erradicação da febre aftosa, Diego
relembra a importância da comunicação com o produtor rural para o avanço desse
Programa. "Trabalhamos muito na educação e na
comunicação com o produtor, porque depende dele a
iniciativa de notificar o serviço veterinário oficial quando há suspeita que
seu rebanho esteja infectado pelo vírus da
aftosa", explica e informa que essa é uma
etapa crucial para assegurar a prevenção da doença, pois se essa ação não for
seguida à risca, o impacto de uma reintrodução seria muito grande. "Se o
produtor não estiver comprometido com o programa e com seu protagonismo neste
processo, a magnitude de um possível foco pode ser muito maior devido ao atraso
na notificação", explica o auditor.
Diego informa que em 2007 o estado de Santa
Catarina foi reconhecido pela OIE como uma zona livre da febre aftosa sem
vacinação. Agora, em 2021, é a vez de Rio Grande do Sul, Paraná, Rondônia,
Acre, Sul do Amazonas, na região onde hoje há 70% de seu rebanho, e este do
Mato Grosso, área que compreende cerca de 1% de seu rebanho bovino. "Em
Santa Catarina já são cerca de 4 milhões de bovinos que pertencem a zona livre
de febre aftosa sem vacinação", destaca. Com o ingresso dessas novas
áreas, outros 40 milhões de bovinos existentes nestes estados passaram a
pertencer a zonas livres sem vacinação.
Apenas três países da América Latina são
considerados livres de febre aftosa sem vacinação, pela Organização Mundial de
Saúde Animal (OIE): Chile, Guiana e Peru. Além disso, existem zonas livres
dentro de países (como é o caso de Santa Catarina) na Argentina, Bolívia,
Colômbia e Equador. Nessas áreas livres sem vacinação da América do Sul, exceto
o Brasil, há cerca de 13 milhões de bovinos, demonstrando ainda mais o impacto
desse novo reconhecimento brasileiro - só no Brasil haverá aproximadamente 45
milhões de bovinos em áreas livres sem vacinação, mais de três vezes o que há
no resto dos países sul americanos.
Fiscalização e inspeção
A febre aftosa é uma doença infecciosa aguda que
causa febre, seguida do aparecimento de vesículas (aftas), principalmente, na
boca e nos pés de animais de casco fendido e o último passo da erradicação
dessa doença numa região é a retirada da vacinação. "É esse resultado que
será validado pela OIE nesta semana. Ele é fruto de um trabalho conjunto de
muitos grupos envolvidos, incluindo vários auditores fiscais federais
agropecuários".
Com relação ao trabalho dos affas no PNEFA, eles
são distribuídos por superintendências estaduais. Cada uma conta com a presença
de um auditor fiscal federal agropecuário, responsável por fazer a gestão
estadual do Programa. São eles que se comunicam diretamente com os Órgãos
Estaduais de Sanidade Animal (OESAS) e todas demais partes interessadas,
incluindo os produtores rurais.
Segundo Diego, todos os affas que atuam em unidades
de vigilância agropecuária internacional, na inspeção de produtos de origem
animal, nos laboratórios de
diagnóstico e controle de vacina, na área de saúde
animal nas SFAs nos estados trabalham com a febre aftosa, mesmo indiretamente.
Esclarece que ainda há muito a ser feito no Programa e que até 2026 espera que
o país se torne totalmente livre da febre aftosa, sem vacinação.
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